Um homem de 32 anos foi resgatado de condições análogas à escravidão em Planura, no Triângulo Mineiro, após passar nove anos trabalhando sem registro e sob violência física, sexual e psicológica. Ele foi forçado a tatuar as iniciais de dois dos empregadores nas costelas, como símbolo de posse.

 A operação ocorreu entre os dias 8 e 15 de abril e foi realizada por auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com apoio da Polícia Federal e do Ministério Público do Trabalho (MPT).

Advertisement

Mulher transexual uruguaia também foi resgatada

Além dele, uma mulher transexual uruguaia de 29 anos também foi libertada. Ela permaneceu seis meses no mesmo ambiente e relatou ter presenciado as agressões contra o homem. Ambos foram aliciados nas redes sociais por três suspeitos — um contador, um administrador e um professor — que formavam um trisal. Os homens foram presos em flagrante.

Vítimas foram atraídas por promessas de acolhimento e submetidas a anos de violência e exploração

De acordo com a investigação, os suspeitos ofereciam moradia, alimentação e promessas de educação formal em uma escola mantida por eles, como forma de atrair as vítimas, todas pessoas LGBT+ em situação de vulnerabilidade econômica e familiar. Após a chegada em Planura, as promessas eram substituídas por violência, chantagem e controle emocional.

Chantagens com vídeos e abandono após AVC

Segundo o auditor fiscal Humberto Monteiro Camasmie, o homem resgatado também foi vítima de violências sexuais registradas em vídeo, usados para impedir que ele denunciasse ou deixasse o local. 

A mulher, embora não tenha sido agredida fisicamente, afirmou ter sofrido ameaças e recebido pagamentos mensais que variavam entre R$ 100 e R$ 600. Em dezembro, após sofrer um AVC, ela foi deixada pelos empregadores e conseguiu retornar ao Sul com ajuda de amigos.

Investigação começou com denúncia anônima

A denúncia chegou ao Disque 100 e indicava casos de cárcere privado, trabalho forçado, exploração sexual e violência psicológica.

A operação confirmou as condições, identificou os responsáveis e realizou o acolhimento das vítimas, que agora recebem atendimento médico, psicológico e jurídico em instituições parceiras da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e da Unipac.

Ana Clara Parreiras

Jornalista formada pelo UniBH, com experiência em comunicação corporativa, social media, marketing e redação. Já atuou na comunicação da Associação dos Suinocultores de Minas Gerais, no marketing do grupo Diários Associados e na redação do Jornal Estado de Minas. Atualmente, é repórter e redatora nos portais Sou BH e Aqui.

Advertisement