O enterro do homem foi às 15h e da esposa dele, em seguida às 17h, no Cemitério Terra Santa Parque, no bairro Nações Unidas, em Sabará, na Grande BH. A investigação do assassinado da mulher e um possível suicídio do marido dela estão sendo realizados pela Polícia Civil. O filho do casal de 12 anos foi quem encontrou a mãe morta na cama, toda ensanguentada, e o pai na varanda enforcado. O menino disse à polícia que ao lado do pai havia uma faca. Desesperado, o jovem buscou ajuda de um vizinho e chamou a irmã mais velha por mensagem de WhatsApp. Ela quem passa a cuidar dele, agora, já que é adulta e mora em outra casa.
Um vizinho que não quis se identificar disse que todos da rua estão assustados com o crime, que aconteceu no bairro Nossa Senhora de Fátima, em Sabará. “Era um casal muito educado, evangélicos. Ele trabalhava como transportador escolar e parecia ter um bom relacionamento com a esposa. O que nos assusta é que ele possa ter cometido o crime por ciúmes e depois por medo das consequências acabou se matando. A preocupação maior, agora, é o que vai acontecer com o adolescente que viu toda cena do crime”, conta.
De acordo com a polícia, testemunhas disseram que o casal encontrado morto pelo filho de 12 anos passava por problemas no relacionamento. Em uma das recentes brigas, a mulher chegou a ser ameaçada de morte pelo marido que disse que iria matá-la e em seguida se matar. No entanto, segundo a polícia, a mulher encontrada morta não chegou a registrar pedido de proteção ou realizou qualquer tipo de boletim de ocorrência em relação aos supostos maus-tratos e possíveis agressões e ameaças, que teria sofrido por parte do companheiro.
Já o homem, encontrado morto pelo filho, em situação aparentemente de suicídio, tem aberto contra ele um mandado de prisão, relaram os militares responsáveis pela ocorrência. A jovem, de 29 anos, que é irmã do adolescente por parte de mãe, disse em depoimento à polícia que o padrasto era um homem bastante violento e fazia constantes ameaças de morte. A última, segundo ela, tinha acontecido há dois dias porque o padrasto achava que a mãe dela teria voltado a se relacionar com um ex-namorado que mora em Belo Horizonte.
Peritos da Polícia Civil, que fizeram a análise da cena do crime, encontraram uma lesão profunda no crânio da mulher morta na cama do casal. Já o homem tinha sinais de enforcamento e um corte no pulso esquerdo. A faca e os celulares do casal foram recolhidos para serem periciados.
ANÁLISE DO CASO
Para falar sobre esse crime, convidamos a advogada criminalista e especialista em mentes criminosas, Luciana Vidal. “Acredito que em casos como esse, o trabalho dos peritos é fundamental porque existem em uma cena de crime, como esta, inúmeros vestígios. Para se saber se, de fato, foi um homicídio seguido de suicídio é necessário todo um estudo. Não se pode descartar, por exemplo, se houve a intenção de uma terceira pessoa que possa ter cometido o crime e preparado ou manipulado o local para dar a entender que foi o marido quem matou a esposa, num crime passional. Isso só a perícia pode avaliar”, afirma.
Ainda de acordo com a advogada criminalista, os depoimentos das testemunhas e parentes são importantes porque ajudam, de alguma forma, a traçar um perfil psicológico do suspeito, que no caso, sendo o marido, e pelos depoimentos já colhidos pela polícia, parecia ser uma pessoa violenta e havia contra ele um mandado de prisão. “Que mandado de prisão seria este? Isso leva a crer, mas é preciso ter provas, de que poderia ter sido ele de fato quem cometeu o crime. Seria interessante se fazer uma entrevista com a família (chamada autópsia psicológica) para tentar buscar se esse indivíduo (no caso o marido) tinha algum transtorno mental para se avaliar a questão da culpabilidade dele (se estivesse vivo)”, acrescenta Luciana Vidal. “O que leva uma pessoa a assassinar outra e a se matar em seguida? Isso já pode ser um indicativo de transtorno mental ou de personalidade”, reflete a especialista.
Quanto ao adolescente ter visto os pais mortos, a especialista diz que esse, certamente, será um trauma que ele carregará para o resto da vida, afirma Luciana Vidal. “E só ao longo do tempo é que se poderá avaliar se esse jovem vai apresentar algum tipo de transtorno. Ele pode desenvolver depressão e, se um dos pais tiver uma doença mental, isso já abre a possibilidade para um forte fator genético. Mas, antes de tudo é importante, também, saber como era o comportamento do adolescente anteriormente a esse trauma de ver os pais mortos, uma vez que ele vivia em um ambiente extremamente violento em que a impunidade parecia ser algo praticamente comum na forma dele enxergar as relações sociais”, completa. Ainda na percepção da criminóloga, essas questões em relação à saúde mental do adolescente precisam e devem ser avaliadas para que não tomem proporções negativas na vida adulta dele.
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Autópsia psicológica, isto não existe e é motivo de piada.