Polícia

Estudantes criam e vendem nudes falsos de colegas menores em BH

Alunas de uma escola particular de Belo Horizonte, com idades entre 12 e 17 anos, tornaram-se vítimas de um esquema de produção e comercialização de imagens pornográficas falsas. Os rostos das estudantes foram inseridos em corpos nus por meio de inteligência artificial, em técnica conhecida como deepfake.

O caso ganhou repercussão após denúncia da influencer Ive Moreira, de 21 anos, irmã de um ex-aluno do Colégio Santa Maria. O vídeo publicado no TikTok alcançou quase 90 mil visualizações em 16 horas.

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A situação tem origem em 2023, quando imagens reais das adolescentes foram vazadas pelos próprios colegas. Na época, dois estudantes receberam suspensão de dois dias. Agora, a prática evoluiu para a criação de conteúdo falso e sua comercialização em aplicativos de mensagens.

Esquema de coleta e produção

Segundo a denúncia, desde o vazamento de 2023, as estudantes restringiram o acesso ao Instagram pelos envolvidos. Porém, amigos dos suspeitos passaram a entrar nas redes sociais das adolescentes para coletar fotografias. As imagens coletadas servem de base para a produção do material falso.

O esquema funcionaria da seguinte forma: um estudante coleta fotografias das colegas nas redes sociais, aplica tecnologia de inteligência artificial para criar montagens pornográficas e comercializa o conteúdo através do Telegram. A suspeita é que parte do material tenha sido vendida para adultos e estudantes de outras instituições.

Conversas em grupos de WhatsApp e Telegram, obtidas por O TEMPO, mostram que os envolvidos compartilhavam as imagens e promoviam competições entre si. Posteriormente, publicavam resultados em redes sociais, marcando as vítimas.

Consequências para as vítimas

As estudantes relataram consequências além da violação digital. Elas passaram a ser seguidas dentro da escola por quem teve acesso às imagens, enfrentaram chacota e receberam propostas de prostituição de colegas menores de idade.

Na manhã desta quarta-feira (4), circulou entre os alunos a informação de que um dos envolvidos teria levado uma faca para a escola. A direção vasculhou a mochila do estudante, mas nenhum objeto foi encontrado.

Posicionamento da escola

O Colégio Santa Maria informou que desenvolve atividades sobre uso responsável da tecnologia e adotará medidas pedagógicas e jurídicas. A instituição comunicará o Conselho Tutelar, Ministério Público e Delegacia de Crimes Cibernéticos.

Ana Clara Parreiras

Jornalista formada pelo UniBH, com experiência em comunicação corporativa, social media, marketing e redação. Já atuou na comunicação da Associação dos Suinocultores de Minas Gerais, no marketing do grupo Diários Associados e na redação do Jornal Estado de Minas. Atualmente, é repórter e redatora nos portais Sou BH e Aqui.

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