Jovem usou arma do pai e contou com incentivo da namorada online; investigação revela premeditação e ocultação de corpos
Um adolescente de 16 anos foi apreendido após confessar o assassinato dos pais e do irmão de três anos dentro da casa onde moravam, em Itaperuna, no interior do Rio de Janeiro.
O crime ocorreu em 21 de junho e foi descoberto três dias depois, quando a avó paterna procurou a polícia para relatar o desaparecimento da família.
A namorada virtual do jovem, de 15 anos, foi apreendida nesta segunda-feira (1º) em Mato Grosso do Sul, suspeita de ter incentivado os assassinatos.
Segundo a investigação da 143ª Delegacia de Polícia de Itaperuna, o adolescente usou o revólver calibre .38 do pai e atirou uma vez contra a cabeça de cada uma das vítimas.
Laudo preliminar confirma que os pais estavam dormindo no momento dos disparos. Após os crimes, os corpos foram ocultados em uma cisterna nos fundos da casa.
O adolescente afirmou que os pais haviam ingerido remédio para dormir por conta própria, o que facilitou a execução. Para não deixar digitais na arma, ele envolveu o revólver em uma fronha. Em seguida, compartilhou com a namorada virtual uma foto das vítimas mortas.
Conversas entre os dois indicam que o crime foi planejado. A polícia identificou mensagens que tratam da escolha entre usar faca ou arma de fogo, além da ordem das mortes.
A motivação pode ter sido financeira: no celular do adolescente, havia uma pesquisa sobre como sacar o FGTS de pessoa falecida. Ele também pretendia vender a casa da família por R$ 300 mil e o carro por R$ 60 mil.
O casal se conheceu pelas redes sociais há cerca de seis anos. Nos últimos meses, a troca de mensagens se intensificou.
De acordo com o delegado Carlos Augusto Guimarães da Silva, os adolescentes discutiam formas de estarem juntos presencialmente, com a jovem pressionando o rapaz a viajar até Mato Grosso do Sul.
Em uma das conversas, ela afirmou que terminaria o relacionamento caso ele não fosse ao seu encontro.
A polícia também apura a influência de um jogo virtual de terror psicológico, com narrativa de irmãos que matam os pais e mantêm relação incestuosa.
Segundo o delegado, o conteúdo — classificado para maiores de 18 anos — pode ter reforçado a fantasia do casal. “Eles se identificavam com o jogo, embora não o jogassem”, disse.
O adolescente foi apreendido em 25 de junho, após comparecer à delegacia com a avó paterna para relatar o suposto desaparecimento da família.
Ele afirmou que o irmão havia se engasgado com um caco de vidro e que os pais o teriam levado às pressas ao hospital. Nenhum hospital da cidade confirmou atendimento à família.
Ao chegarem à casa, peritos encontraram manchas de sangue no colchão, roupas queimadas e forte odor vindo do quintal. Os corpos foram localizados dentro da cisterna. Confrontado com as evidências, o jovem confessou os assassinatos.
