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Polícia

Laudo revela falhas graves que levaram à tragédia na BR-116 e mataram 39 pessoas

Excesso de peso, alta velocidade e motorista sob efeito de drogas foram fatores determinantes no acidente que devastou famílias em Minas Gerais

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Relatório da PRF mostra que a carreta transportava 16 toneladas além do permitido e era conduzida em alta velocidade por um motorista sob efeito de substâncias ilícitas

Dois meses após o grave acidente que deixou 39 mortos na BR-116, em Teófilo Otoni (MG), a perícia da Polícia Rodoviária Federal (PRF) revelou os fatores que levaram à tragédia. O relatório técnico aponta que a carreta envolvida transportava carga acima do peso permitido, trafegava em velocidade excessiva e era conduzida por um motorista sob efeito de substâncias ilícitas.

Na madrugada de 21 de dezembro, uma pedra de quartzito se desprendeu do semirreboque da carreta e atingiu um ônibus de passageiros. Outros três veículos também se envolveram no acidente, que deixou, além dos mortos, 11 feridos.

Carga irregular e equipamentos comprometidos

O laudo pericial aponta que a carreta, que transportava quartzito — rocha amplamente utilizada como revestimento —, estava com 16,2 toneladas além do limite permitido. Para suportar o peso extra, um reforço foi instalado de maneira irregular na suspensão do veículo.

Além disso, a perícia identificou falhas nas travas de segurança do semirreboque. As alças e correntes não tinham identificação do fabricante, impossibilitando a certificação de sua resistência e conformidade com as normas de segurança. Essas irregularidades contribuíram diretamente para o desprendimento da carga no momento do acidente.

Velocidade acima do limite e negligência do motorista

Outro fator determinante foi a velocidade. A perícia constatou que a carreta chegou a atingir 117 km/h e, momentos antes do acidente, trafegava a aproximadamente 93 km/h — muito acima do limite permitido para o trecho, que é de 80 km/h, segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).

As investigações também revelaram que o motorista da carreta, Arilton Bastos Alves, não respeitou os períodos obrigatórios de descanso ao longo do trajeto. Ele havia saído de Santana do Acaraú, no Ceará, e seguia para Barra de São Francisco, no Espírito Santo, sem ter feito as pausas regulamentares.

Após a tragédia, Arilton fugiu do local sem prestar socorro e só se apresentou à Polícia Civil dois dias depois. Exames toxicológicos indicaram que ele dirigia sob efeito de álcool, cocaína, ecstasy, além de um ansiolítico e um antidepressivo. Diante dessas evidências, a Justiça decretou sua prisão preventiva.

Sobreviventes ainda lidam com as marcas do acidente

Entre os poucos sobreviventes do acidente está Gilberto Gomes de Souza, que estava no banheiro do ônibus no momento da colisão. Outros cinco passageiros conseguiram escapar com vida, mas ainda lidam com as sequelas físicas e emocionais da tragédia.