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Renê Júnior diz que morte de gari foi causada por “bala perdida” em primeira entrevista

Empresário Renê afirma em entrevista que morte do gari Laudemir ocorreu por “bala perdida”, nega ter atirado e contesta acusações

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Renê da Silva Nogueira Júnior, réu pela morte do gari Laudemir, durante entrevista
Renê da Silva Nogueira Júnior, réu pela morte do gari Laudemir, durante entrevista

O empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, réu pela morte do gari Laudemir de Souza Fernandes, afirmou que a vítima foi atingida por “uma bala perdida”. A declaração foi dada na primeira entrevista concedida pelo acusado, exibida na noite desse último domingo (1º) pelo Domingo Espetacular, da RecordTV. Ele está preso no Presídio de Caeté, na Grande BH, e responde por homicídio após uma discussão de trânsito em 11 de agosto, em Belo Horizonte.

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Réu chama caso de “incidente” e nega ter atirado

Na entrevista, Renê classificou a morte de Laudemir como um “incidente”. Ele admitiu que estava armado e passou pelo local do crime, mas negou ter disparado o revólver ou matado o trabalhador.

“O incidente pode ter acontecido. […] O que provavelmente aconteceu foi um acidente com a vítima: uma bala perdida pegou na vítima”, afirmou o empresário.

Apesar de assumir que portava a arma naquele dia, Renê sustenta que não participou do disparo. Segundo ele, não havia motivo para reagir com violência durante a discussão de trânsito.

“Se batesse o carro, era só uma porta, não a vida de uma pessoa”, disse.

Acusado diz que manteve rotina por “não ter culpa”

Renê também explicou por que deixou o local do crime e seguiu seu dia normalmente. Ele afirmou ter trabalhado, cuidado dos cães e ido à academia, como de costume.

“Eu não poderia mudar minha rotina por algo que eu não fiz. Eu não sou esse cara que falam: matou e foi pra academia.”

Questionado se pediria desculpas à família de Laudemir, o réu respondeu que não poderia se desculpar por algo que alega não ter feito.

Testemunha afirma ter visto o disparo

A versão do empresário, porém, é contestada por uma testemunha que trabalhava com Laudemir no momento da morte. O colega afirma ter visto o atirador e diz não ter dúvidas sobre a autoria.

“Com certeza foi ele, não tenho qualquer dúvida. Nenhuma, nenhuma. Nem parou. Atirou e foi embora”, declarou à RecordTV.

Defesa evita confirmar autoria do tiro

Procurada pela reportagem, a defesa de Renê disse que “não tem como atestar” se o empresário efetuou o disparo. O Ministério Público acusa o réu de homicídio qualificado.

A investigação ainda está em andamento, e o caso segue na Justiça. Enquanto isso, a família de Laudemir e colegas de trabalho aguardam uma conclusão definitiva sobre a morte do gari, que tinha 45 anos e atuava há mais de duas décadas na limpeza urbana de Belo Horizonte.

Como foi o crime

O homicídio ocorreu na manhã de 11 de agosto, por volta das 9h. Durante uma discussão de trânsito, o empresário sacou uma pistola e ameaçou a motorista do caminhão de coleta. Logo depois, atirou em Laudemir, que tentou apaziguar a situação. O gari foi atingido na região torácica e chegou a ser socorrido ao Hospital Santa Rita, em Contagem, mas não resistiu.

Após o disparo, Renê fugiu no carro BYD cinza. Ele foi localizado horas depois, enquanto malhava em uma academia no bairro Estoril, também em Belo Horizonte. O empresário não resistiu à prisão.

Rotina após o homicídio chama atenção

Vídeos de câmeras de segurança registraram Renê mantendo uma rotina considerada “normal” após o crime. As imagens mostram o empresário chegando à sede da empresa em Betim, cumprimentando colegas, indo para casa, escondendo a arma na mochila e, em seguida, passeando com os cachorros.

Quem era Laudemir

Laudemir de Souza Fernandes trabalhava como gari na Localix Serviços Ambientais. Familiares e colegas o descrevem como um homem pacífico, dedicado e querido, tanto no trabalho quanto em casa. Ele deixou esposa, uma filha de 15 anos e enteadas. Segundo a empresa, o gari tentava evitar o conflito quando foi atingido.

Esposa de Renê é investigada em processo separado

A delegada Ana Paula Lamego Balbino, esposa do empresário, também é investigada. A arma usada no crime, uma pistola calibre .380, está registrada em nome dela e é de uso particular.

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) defende que a delegada deve ser responsabilizada de forma solidária pela morte do gari.