Coelho e ovos são símbolos da páscoa no Brasil (Foto: pixabay)
Os católicos celebram a Páscoa no ponto alto da Semana Santa, marcando a ressurreição de Jesus Cristo. Fora do contexto religioso, porém, muitas pessoas encaram a data como oportunidade para reunir a família ou seguir rituais antigos ligados ao ciclo da vida. Já outros, se envolvem com o apelo comercial da época, focando na figura do coelho que entrega ovos de chocolate e presentes às crianças. Conheça agora 5 países que têm tradições diferentes e curiosas durante a Páscoa:
Na maioria dos países, o coelho é o rosto da Páscoa comercial. Na Austrália, no entanto, ele virou vilão.
Segundo a National Geographic, os coelhos causaram estragos ambientais severos no território australiano e protagonizam um dos casos mais agressivos de proliferação de mamíferos invasores já registrados.
Diante desse cenário, a organização Rabbit-Free Australia lançou, em 1991, uma campanha para substituir o tradicional coelhinho pelo Easter bilby. O bilby, um marsupial de orelhas compridas da mesma família dos bandicoots, é nativo do deserto australiano e lembra um coelho, mas sem o impacto destrutivo.
A ideia ganhou força. Chocolates, brinquedos e enfeites passaram a trazer a imagem do bilby, transformando o animal em símbolo pascal mais alinhado com a fauna local e a luta contra espécies invasoras. A campanha também ajudou a jogar luz sobre a preservação do bilby, hoje ameaçado de extinção.
O México, um dos países mais católicos do mundo, vive a Páscoa com forte carga religiosa. A Semana Santa, por lá, é vista como um período de purificação espiritual, e as manifestações populares refletem essa devoção.
Uma das tradições mais marcantes é a “queima de Judas”. Em várias cidades, moradores confeccionam bonecos que representam Judas Iscariotes — o apóstolo que, segundo os Evangelhos, traiu Jesus por 30 moedas de prata — e os incendeiam ou detonam com fogos de artifício. Os estilhaços se espalham pelas ruas e, como parte do ritual, as crianças recolhem os pedaços como recordações.
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Na Grécia, país de maioria cristã ortodoxa, a Páscoa é a celebração mais importante do calendário religioso. Esqueça os ovos de chocolate: por lá, a tradição manda tingir ovos de galinha de vermelho, cor que simboliza o sangue de Cristo e sua ressurreição.
— Esses ovos são cozidos e pintados com pigmentos naturais, geralmente em casa, e fazem parte de rituais familiares que passam de geração em geração — explica o ator grego Joseph Johnson Afthonidis, em entrevista ao La Nación.
Um dos costumes mais populares entre as crianças é o jogo Viva o Ovo, em que duas pessoas batem as pontas dos ovos uma contra a outra. O ovo que permanece intacto é considerado “abençoado” e traz sorte até a próxima Páscoa.
Já na manhã do Sábado Santo, a ilha de Corfu se transforma em palco de uma tradição ruidosa e visualmente marcante: moradores atiram vasos, panelas e outros utensílios de cerâmica de suas janelas, alguns cheios de água, molhando quem estiver passando nas ruas abaixo. O motivo exato da prática é debatido. Alguns veem como uma forma simbólica de dar boas-vindas à primavera; outros associam à limpeza ritual para o novo ciclo litúrgico. Seja qual for a origem, o impacto, sonoro e cultural, é garantido.
Na África do Sul, as comemorações de Páscoa se estendem até a chamada Segunda-feira de Páscoa, um feriado bancário oficializado nos anos 1990. A medida foi adotada pelo governo como forma de oferecer à população um dia extra de descanso, tanto para confraternizar com amigos e familiares quanto para se recuperar das intensas celebrações religiosas do fim de semana.
Além do calendário prolongado, os sul-africanos incorporam à data um costume peculiar: o uso de roupas como reflexo do estado de espírito durante a Semana Santa. As vestimentas funcionam como expressão simbólica dos sentimentos e intenções de cada um ao longo do período religioso.
Na Finlândia, a Páscoa mistura tradições cristãs com rituais pagãos em uma celebração única. Um dos costumes mais marcantes envolve crianças vestidas de “bruxas”, com roupas coloridas, lenços na cabeça e sardas pintadas no rosto. Segundo o Ministério de Relações Exteriores do país, os pequenos percorrem as casas da vizinhança carregando galhos de salgueiro decorados com penas coloridas e papel crepom, usados como símbolo de bênção para espantar maus espíritos.
Em troca das bênçãos, recebem doces. Ao bater nas portas, as crianças recitam um verso tradicional: “Virvon, varvon, tuoreeks terveeks, tulevaks vuodeks; vitsa sulle, palkka mulle.” A frase pode ser traduzida como: “Sacudo este galho para um novo ano saudável; o galho para você, o presente para mim”. A prática lembra o Halloween, mas com raízes próprias e ligadas à renovação da vida.