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Matheus Ribeiro desabafa sobre ficar conhecido como “gay do JN” na Globo

O jornalista Matheus Ribeiro, de 30 anos, foi o primeiro homossexual a apresentar o Jornal Nacional, mas revelou ter se sentido diminuído pela forma como ficou conhecido. Em uma entrevista exclusiva ao Terra, ele contou que o esteriótipo criado pelo público mascarou outras qualidades e que a exploração de sua vida pessoal se tornou “desagradável”.

“Eu me irritava com essa coisa de ser chamado de ‘gay do JN’, me sentia diminuído. Eu pensava: ‘Poxa, eu não sou só gay, sou mais que isso’. Entre os 27 jornalistas do rodízio, por exemplo, eu era o mais jovem e só o fato de eu ser gay era citado”, disse ele.

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Embora já tivesse se assumido para a família e amigos, algumas manchetes o incomodaram como, por exemplo, em relação a um romande que Matheus Ribeiro vivia. “Na época, eu namorava um rapaz e um perfil de fofoca fez uma chamada absurda dizendo que eu vivia um romance secreto com um policial. De fato, ele era da corporação, mas não era um segredo”, contou.

Além das mensagens positivas que recebeu, pela representatividade de alcançar um cargo alto na TV Globo, ele também recebeu ataques. A visibilidade aumentou quando ele passou a entrar no rodízio de plantões do Jornal Nacional e consequentemente, o preconceito foi intensificado.

“Quando vi as pessoas tentando me ofender por isso [sexualidade] na internet, eu toquei o fod*.Se você se depara com uma situação como essa e se acovarda, você permite que continuem pisando em gente como nós”, refletiu.

O jornalista acabou se demitindo da TV Globo pouco depois das apresentações no JN e afirmou que o salário não condizia com suas funções. Ele chegou a ser contratado pela Record, mas decidiu seguir uma nova carreira na área política.

“Sendo bem sincero, depois do JN perdeu a graça o jornalismo televisivo. É a mesma coisa que dirigir uma Ferrari e depois voltar para seu carro popular, fica menos empolgante. Como na televisão eu já estava realizado, decidi ousar e me candidatar. Estudei na Renova [maior escola de política do Brasil] e consegui 47 mil votos na minha primeira eleição. Não fui eleito, mas estou como suplente. Caso ocorra algo estou pronto para o dever, sem deixar de lado meus compromissos com a comunidade LGBTQIA+ e as minorias”, concluiu.

Mariana Valbão

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