x

Notícias

Cristian Cravinhos rompe o silêncio e fala sobre crime contra os Richthofen

Em entrevista, ele relembra o caso Von Richthofen e afirma que a sentença da sociedade é maior que a da Justiça

Publicado

em

Mais de 20 anos após o assassinato dos pais de Suzane Von Richthofen, ele fala sobre arrependimento, pressão emocional e julgamento público

Cristian Cravinhos, hoje com 49 anos, voltou a falar publicamente sobre um dos crimes que mais chocaram o país. Em entrevista ao jornal O Globo, ele comentou sobre o assassinato de Manfred e Marísia Von Richthofen, pais de Suzane Von Richthofen, e refletiu sobre sua participação no caso, a pena cumprida e o julgamento social que carrega até hoje.

Cristian, assim como o irmão Daniel, já está em liberdade. Vinte e dois anos depois do crime, ele afirma que ainda não tem uma resposta clara sobre por que se envolveu na situação. 

“Se o tempo voltasse, eu diria ‘não’. Mas até hoje tenho dificuldade de dizer ‘não’. Naquela época, eu vivia desesperado, sem controle emocional. Não sei responder.”

Ele reconhece que cometeu um erro grave, mas faz questão de negar que tenha agido por dinheiro, como foi muitas vezes interpretado. “Só não vai por nessa entrevista que fiz o que fiz por dinheiro, porque não é verdade.”

Cristian contou que acreditou, por um momento, que conseguiria impedir o que estava prestes a acontecer — mas acabou envolvido. “Eu não tinha um histórico criminal, nunca fiz nada parecido antes. Talvez por isso as pessoas questionem tanto minha participação.”

Mesmo depois de cumprir a pena determinada pela Justiça, ele afirma que continua sendo punido todos os dias.

“A Justiça me deu um tempo de pena, mas a sociedade impõe uma sentença perpétua. A punição que recebi foi consequência dos meus atos, mas o julgamento social é muito maior.”

Há palavras que ele ainda evita usar. Diz que, ao chamar o crime de “erro”, não está tentando amenizar a gravidade do que aconteceu, mas que ainda sente um bloqueio emocional ao falar abertamente sobre isso. “Tem certas palavras que não consigo falar no dia a dia sem me emocionar.”

Ao contrário do irmão, que decidiu mudar de nome após deixar a prisão, Cristian diz que continuará com o sobrenome Cravinhos. “Eu vou honrar o meu sobrenome até o final da vida. Eu caí com esse nome e vou me levantar com ele. Estou disposto a pagar esse preço.”

Mesmo com ataques frequentes nas redes sociais, ele afirma que não costuma sofrer retaliações na rua. “Meus haters vêm mais da internet, mas consigo tirar de letra”, disse.