O Delegado Rafael Horácio, que matou Anderson Cândido de Melo após uma discussão no trânsito na última terça-feira (26) em Belo Horizonte, foi indiciado pela Polícia Civil por homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e meio que impossibilitou defesa da vítima. A pena varia entre 12 e 30 anos de prisão.
Nesta sexta-feira (29), a corregedoria da Polícia Civil apresentou um pedido de prisão temporária à Justiça. Na manhã deste sábado, Rafael se apresentou para a polícia junto de seu advogado. A carteira de serviço e sua arma foram apreendidas. Ele está preso na Casa de Custódia da Polícia Civil.
Em coletiva na tarde deste sábado (30), o porta-voz e chefe da comunicação da Polícia Civil de Minas Gerais, Saulo Castro, detalhou a prisão do delegado.”Ao longo da semana, das investigações, com novas diligências, ouvidas novas testemunhas, a autoridade policial entendeu que estava presente os requisitos da prisão preventiva”, explicou.
Saulo também explicou o motivo de Rafael não ter sido preso em flagrante no dia do crime.”Naquele momento, preliminar e de análise dos fatos, entendeu-se que não havia a necessidade da prisão por conta exclusiva da apresentação espontânea do autor do fato e não da hipotése de legítima defesa”, disse.
Segundo o porta-voz, a Polícia Civil, por lei, possui 30 dias para concluir o inquérito mas espera-se que seja finalizado nos próximos dias. Ele ainda reforçou o pedido de condolências a família e amigos da vítima do crime.
Apesar de estar preso, o delegado continua empregado. Ele só perde seu cargo de Delegado após uma decisão judicial ou administrativa. A demissão fica a cargo do governo do estado. Enquanto não é condenado, ele recebe seu salário com uma multa de um terço.
A confusão aconteceu na Avenida do Contorno, próximo ao Viaduto Oeste. No final da tarde da última terça-feira (26), Rafael atirou contra Anderson após uma briga de trânsito. Segundo informações, o delegado estava em uma viatura descaracterizada quando foi fechado pelo caminhão dirigido por Anderson. Eles discutiram, Rafael desceu do carro e atirou contra o motorista do caminhão. A vítima foi socorrida e encaminhada para o Hospital João XXIII, mas não resistiu e morreu. Anderson foi enterrado na quinta-feira (28), em Igarapé. Ele deixou esposa, quatro filhos e um neto, de 5 anos.
Segundo a versão de Rafael, ele se apresentou como policial e pediu para que Anderson descesse do veículo, momento em que a vítima acelerou e, para não ser prensado entre a mureta e o caminhão, atirou no motorista.
Centenas de motoristas de caminhões reboques fizeram uma grande manifestação nas ruas de Belo Horizonte nessa quarta-feira (27). Eles pediram por Justiça e pela prisão do delegado envolvido no caso.
A família de Anderson questionou a versão do autor. Segundo eles, o homem era uma pessoa tranquila e pacífica, que cuidava de toda família.
Nossa reportagem entrou em contato com a defesa de Rafael mas, até a publicação desta matéria, não tivemos resposta.
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Seja um pagador de imposto que amamenta os servidores públicos, mate alguém e apresrnte-se espontaneamente para ver se não será preso em flagrante... O Brasil e sua casta de privilegiados... Vergonha para a PCMG...