Investigação aponta uso de laranjas, lavagem de dinheiro e fuga com auxílio de terceiros após fechamento da empresa
Dois empresários, uma mulher de 56 anos e um homem de 61, foram indiciados pela Polícia Civil de Minas Gerais por crimes relacionados a estelionato, lavagem de dinheiro e prejuízos financeiros causados a consumidores de Uberaba, no Triângulo Mineiro. Segundo as investigações, pelo menos 53 pessoas foram lesadas por meio de contratos firmados com uma empresa especializada em móveis planejados.
Outros três homens, de 30, 33 e 54 anos, também foram indiciados. Um deles atuava como interposta pessoa, figurando formalmente à frente do empreendimento, embora não fosse o responsável real. Os demais teriam dado apoio logístico e financeiro aos empresários durante o período em que permaneceram foragidos.
As apurações da Polícia Civil começaram após o registro de diversas ocorrências contra a empresa, considerada de alto padrão na cidade. Clientes firmavam contratos e realizavam pagamentos integrais, mas não recebiam os móveis contratados.
De forma repentina, os sócios encerraram as atividades, deixaram a cidade e não prestaram justificativas públicas às vítimas, funcionários ou credores.
O encerramento das operações foi acompanhado da mudança do casal para outro estado, junto com familiares. Durante o tempo em que estiveram foragidos, segundo a investigação, o casal contou com auxílio de terceiros, o que dificultou a localização.
De acordo com a Polícia Civil, os indiciados utilizaram diferentes mecanismos para ocultar a origem dos valores obtidos de forma ilícita. O grupo teria recorrido ao uso de interpostas pessoas para movimentação financeira e para dissimular a origem dos recursos provenientes dos contratos não cumpridos.
A estimativa de prejuízo causado pelo esquema é de aproximadamente R$ 15 milhões. A investigação também revelou que a movimentação financeira do grupo se estendia para além das operações diretas com clientes, incluindo ocultação de patrimônio e tentativa de blindagem de bens.
O casal foi localizado e preso preventivamente em fevereiro deste ano, no município de Goiânia (GO). A prisão ocorreu após ações de inteligência coordenadas pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco/URA), com base nas informações da Polícia Civil de Minas Gerais.
Além do indiciamento pelos crimes de estelionato, estelionato majorado, concurso de crime material e lavagem de dinheiro, foi determinado judicialmente o sequestro de bens dos investigados até o valor de R$ 20 milhões.
A medida visa garantir eventual ressarcimento às vítimas e impedir a dissipação do patrimônio obtido de forma ilícita.