Justiça reconhece prática discriminatória contra zelador e aponta histórico de conflitos com funcionários e vizinhos
Uma moradora de um edifício residencial na Zona Norte do Recife foi condenada a pagar R$ 10 mil por injúria racial a um zelador do prédio.
A decisão, publicada pela 6ª Vara Cível da Capital na última segunda-feira (9), refere-se a um episódio registrado no dia 23 de janeiro deste ano.
Segundo o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), a mulher, de 56 anos, teria se dirigido ao trabalhador, um homem negro, com ofensas de cunho racial enquanto ele fazia a limpeza do hall de um dos andares do edifício, localizado na rua Vicente Meira, no bairro das Graças.
O funcionário realizava o serviço acompanhado do gerente do condomínio quando foi abordado pela moradora. De acordo com a denúncia, ela gritou que não queria “um macaco limpando seu corredor”. O gerente teria tentado intervir, mas a mulher insistiu nas ofensas.
Em seguida, dirigiu-se à portaria do prédio e registrou o ocorrido no livro de ocorrências, onde escreveu que o zelador estaria fazendo “a dança de um macaco” e desrespeitando sua presença. A anotação, assinada pela própria moradora, foi anexada aos autos do processo.
A investigação apontou que o episódio não foi isolado. De acordo com a promotora Rosângela Furtado Padela Alvarenga, responsável pela ação criminal, a acusada já havia se envolvido em conflitos com outros trabalhadores do condomínio, incluindo denúncias por difamação e injúrias.
No inquérito policial, concluído em março, o delegado Daniel Lira Pimentel destacou que funcionários e moradores relataram comportamento recorrente da mulher, que dificultaria a permanência de empregados no edifício.
A síndica do prédio afirmou que diversos trabalhadores pediram demissão alegando perseguição e tratamento inadequado.