Os registros de casos da doença foram em Belo Horizonte (2), Juiz de Fora (2), na Zonta da Mata, Montes Claros (1), no Norte de Minas e Lagoa Santa (1), na Região Metropolitana, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES). Outros três casos estão descartados pela SES, após testes em Montes Claros (2) e Divinópolis (1).
Os principais sintomas relatados pelos pacientes foram: dor abdominal e vômitos, acompanhados de alterações de enzimas hepáticas. Os médicos explicam que a hepatite é uma inflamação no fígado que pode ser causada por diversos motivos como alcoolismo, excesso de medicamentos e presença de determinados vírus. Ainda de acordo com eles, os agentes infecciosos mais comuns são os causadores dos tipos A, B, C, D e E. O tipo A é o mais frequente e, também, o mais benigno entre as crianças. Já a hepatite aguda grave, que é está que vem sendo relatada nos últimos meses em Minas Gerais e outros estados, é caracterizada por uma inflamação que surge de forma inesperada. Ela costuma provocar diarreia, vômito, febre, dores musculares e coloração amarelada na pele e nos olhos (principais características da icterícia).
Em levantamento feito pelo Ministério da Saúde, 70 casos foram notificados nos últimos meses no país, mas, desse total 12 foram descartados. Segundo a pasta, os demais diagnósticos ainda não foram confirmados. O Ministério da Saúde ressalta, ainda, que essas infecções estão sendo monitoradas por uma Sala de Situação, criada para apoiar as investigações e o levantamento de evidências para identificar as possíveis causas. Os trabalhos contam, ainda de acordo com o Ministério da Saúde, com a participação de pesquiadores brasileiros e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Para alguns imunologistas, a causa da doença pode estar relacionada ao Adenovírus 41, que provoca grande parte das doenças respiratórias e pode, também, afetar o trato gastrointestinal. Como é um vírus bastante comum, pesquisadores investigam o motivo desse vírus, tão comum, estar causando hepatite, principalmente em crianças.
O infectologista Marco Aurélio Sáfadi, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) descarta a relação entre os casos de hepatite infantil aguda e a vacina contra a Covid-19. Ele explica que, a maioria desses casos de hepatite aguda estão sendo relatados em crianças abaixo da faixa etária de indicação para a vacina da Covid-19. Ou seja, são crianças que nem chegaram a receber doses da vacinação. Já o presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Renato Kfouri, informa que os casos ainda estão sendo devidamente estudados e ressalta que o comum em todos eles é que estão atacando crianças e apresentam as mesmas características de hepatites normais. O alerta é para a gravidade dos casos porque nas hepatites “comuns” os quadros dificilmente evoluem para insuficiência hepática e necessidade de transplante. E é isso que está acontecendo, agora, e preocupando as autoridades em saúde.