Esportes
Futebol exige evolução contínua
Time de melhor campanha no segundo turno do Campeonato Brasileiro, com 72,22% de aproveitamento, o Atlético chega à última rodada da competição com chances remotas de título. Pela sequência de boas vitórias nos últimos jogos, fica a sensação para alguns torcedores de que, se houvessem mais duas rodadas ou se o técnico Luiz Felipe Scolari tivesse chegado um pouco antes, seria possível levantar a taça.
Não é bem assim. Primeiro porque o Galo demorou a engrenar nas mãos do experiente treinador. Foram quatro empates e cinco derrotas nos primeiros nove jogos com ele, inclusive com resultados inesperados, como os 2 a 2 com o América ou o 0 a 1 para o Corinthians, ambos no Mineirão.
E para além disso, mesmo depois que os jogadores se adaptaram a Felipão e Felipão se adaptou ao grupo, a equipe apresentou dificuldades. A principal delas foi a de como se comportar diante de equipes que priorizam a marcação ou claramente entraram em campo para não deixar o alvinegro jogar.
Foi o que ocorreu nas derrotas para Coritiba e Cruzeiro, ambas na Arena MRV. E por pouco não se repetiu no último sábado, quando o São Paulo irritou os atleticanos com paralisações no primeiro tempo e criou algumas boas chances de abrir o placar no segundo.
A salvação veio dos pés de Hulk e Paulinho, a dupla responsável por quase tudo de bom que acontece na equipe, ao lado do goleiro Everson. Os atacantes marcaram 60 dos 91 gols alvinegros em 2023, 30 cada um. Ou seja, de cada três vezes que a equipe foi às redes, duas foram com eles. Sem contar as assistências.
Já contra equipes que saem mais para o jogo, que buscam o ataque, o Galo se saiu bem melhor. Foi assim contra o Grêmio e o Flamengo, vencidos por 3 a 0, na semana passada, até com certa facilidade. E também diante do Palmeiras, em 19 de outubro, com um tranquilo 2 a 0 no Allianz Parque.
Assim, o grande desafio de Felipão para 2024 será criar alternativas para enfrentar as retrancas, que deverão ficar cada vez maiores em função do poderio ofensivo da dupla citada, que conta com o apoio luxuoso de articuladores como Guilherme Arana e Zaracho. Se não fizer isso, o Atlético poderá virar um time previsível e pouco efetivo.
Não espero nada revolucionário por parte do treinador gaúcho. Aos 75 anos e campeão de quase tudo, ele tem suas convicções, pelas quais tenho enorme respeito. Também tem a seu favor a incrível eficiência atleticana nos últimos jogos, mesmo quando não jogou bem, como diante do Goiás, na Arena MRV.
Mas o futebol exige constante evolução. E tenho certeza que a comissão técnica e os próprios comandados vão auxiliá-los na tarefa de repensar a forma de jogar, de encontrar novas soluções para superar times fechados e, principalmente, depender menos de Paulinho e Hulk.
SECADOR LIGADO
Assim como torcer pelo time do coração, “secar” outras equipes é uma das paixões dos brasileiros que gostam de futebol. O problema é que normalmente a energia gasta não se justifica. Principalmente quando o alvo da “secação” tem predicados que o fazem vencer a maioria dos adversários,
Pelos últimos acontecimentos no Campeonato Brasileiro, dou razão a um grande apaixonado pelo esporte bretão, que não se cansa de repetir: “Nunca torça para um time pior que o seu”. Faz sentido.