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Brasileiro dos mais divertidos

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O Campeonato Brasileiro pode não ser o melhor do mundo tecnicamente, mas certamente é um dos mais disputados. A edição 2023 da competição, que já teve 36,8% dos jogos disputados, comprova isso. Afinal, quem imaginaria que o Botafogo estaria disparado na liderança, com 10 pontos de vantagem sobre o segundo colocado? Ou que o Atlético, apontado como um dos favoritos ao título antes de a bola começar a rolar, faria campanha pior que a do Cruzeiro, que ficou três anos na Série B e tem um orçamento muito menor?

Mas não se trata de um erro de avaliação de torcedores, imprensa especializada e dos próprios membros das equipes. A imprevisibilidade é um dos maiores atrativos do futebol e contribui para que ele seja o esporte mais popular do planeta.

Claro que ainda há muitos jogos pela frente e que o panorama poderá estar completamente diferente daqui a dois meses. Mas este início “diferentão” tem me divertido para caramba.

Não só pela improvável brilhante campanha botafoguense, uma das melhores desde a adoção dos pontos corridos há 20 anos, ao lado da do Corinthians em 2017, mas pela forma como as coisas estão ocorrendo. O clube da estrela solitária não tem um elenco recheado de estrelas, ao contrário, trata-se do que costumamos chamar de “time operário”.

Conta, sim, com fase iluminada do atacante Tiquinho Soares, que ganha destaque no futebol brasileiro aos 32 anos. Tendo iniciado a carreira no América-RN e passado por clubes como Botafogo-PB e Sousa-PB, além de outro paraibano, o Treze, foi se aventurar em Portugal, primeiro no Nacional da Ilha da Madeira, depois no Vitória de Guimarães até se destacar no Porto. Foi à China defender o Tianjin Teda e à Grécia, onde jogou no Olympiacos.

Agora, tem desempenho tão bom que até ofusca o quase xará Suárez, destaque de outro time que faz campanha surpreendente no Brasileiro, o Grêmio. Ainda que tenha contratado o craque uruguaio, também não se esperava que o time comandado por Renato Gaúcho fosse brigar “nas cabeças” como vem fazendo.

É curioso, ainda, que as únicas duas derrotas do Botafogo na competição tenham sido para times que não figuram entre os primeiros colocados: 2 a 1 para o Goiás, na sexta rodada, e 1 a 0 para o Athletico-PR, três rodadas depois, ambas fora de casa. E que, em seus domínios, não sofra gol desde a primeira rodada, quando teve a defesa vazada na vitória por 2 a 1 sobre o São Paulo.

Para completar, quando todos esperavam uma fraquejada depois da saída do técnico Luís Castro, seduzido por proposta milionária do Al-Nassr, da Arábia Saudita, o time segue navegando em águas tranquilas sob o comando interino do ex-zagueiro Cláudio Caçapa, que nunca havia tido experiência como treinador de clube profissional. Ele obteve duas importantes vitórias, no clássico contra o Vasco, no “tapetinho” do Engenhão, e diante do Grêmio, na casa do adversário, ambas por 2 a 0.

Ou seja, o futebol é bom demais. Mais especificamente, o Campeonato Brasileiro é bom demais.

ALERTA LIGADO

O Atlético precisa acordar na temporada. O investimento feito mensalmente é muito alto para a equipe ter vencido apenas um nos últimos sete jogos no Brasileiro, assim mesmo contando com a ajuda do goleiro Rafael Cabral, do Cruzeiro, que aceitou chute de muito longe de Hulk no clássico disputado no Parque do Sabiá.

É hora de cobrar internamente o grupo de jogadores. E também a comissão técnica, ainda que o técnico Luiz Felipe Scolari tenha pouco menos de um mês no cargo.

Se a reação demorar, até a vaga na Copa Libertadores do ano que vem pode ficar complicada. O título, sinceramente, acredito ter ficado quase impossível diante dos 16 pontos de distância para o Botafogo.