Dias de luta. Dias de glória. Dias de comemorações. Dias de frustrações. Nos Jogos Olímpicos é assim, um carrossel de intensas emoções, concentrado em pouco mais de duas semanas, no qual ficamos o tempo todo querendo saber quem está disputando o quê.

O esporte tem um poder incrível de mobilizar as pessoas e quando tem Olimpíada, ainda mais. Nos últimos dias, vi muita gente se manifestar em redes sociais sobre modalidades nas quais nunca tinha prestado atenção. Nas andanças pela cidade, ouço pessoas de todos os tipos, cores, credos e condições sociais debatendo assuntos como a nota dada a uma ginasta, o erro cometido por uma judoca, a manobra executada por um ou uma skatista, a chegada incrivelmente disputada dos 100m rasos masculino.

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Durante 19 dias, todos se tornam especialistas em salto com vara, canoagem, remo, lutas, polo aquático e escalada. Nos alegramos com os triunfos dos nossos atletas favoritos e lamentamos os insucessos de outros como se fossem pessoas próximas. Também vibramos com os erros dos rivais.

Nomes nunca ouvidos passam a fazer parte do nosso cotidiano. Descobrimos os motivos de alguns atletas ganharem apelidos engraçados, como “Bala Loka”, do BMX – para quem não sabe, o brasileiro Gustavo Batista de Oliveira ganhou a alcunha ainda criança, quando os amigos diziam que ele pedalava como uma bala e corria riscos como um louco.

Tão importante quanto as conquistas são as histórias de vida de cada um que tem o privilégio de participar dos Jogos Olímpicos. Muitos romperam barreiras, se sacrificaram, superaram dificuldades de todos os tipos para estar ali e devem ser parabenizados, ainda que não ganhem medalhas. Afinal, estão fazendo jus ao lema atribuído ao francês Pierre de Frédy, o Barão de Coubertin, segundo o qual, “no esporte, o importante é competir”.

Viva Rebeca!

Rebeca Andrade é o típico exemplo de atleta brasileiro. Nascida em bairro humilde de Guarulhos, na Grande São Paulo, desabrochou para a ginástica artística em um projeto social e, com talento e dedicação, conseguiu mudar a realidade da família, cuja mãe criou sozinha os oito filhos trabalhando como faxineira.

Não foram poucas as dificuldades e tê-la como a maior medalhista olímpica da história do país, com seis pódios, um a mais que os velejadores Robert Scheidt e Torben Grael, é prova da garra do nosso povo. Assim como foi a judoca Beatriz Souza ganhar o primeiro ouro dos Jogos Olímpicos de Paris para o Brasil.

Que sirvam de inspiração. E que haja fomento, tanto governamental quanto privado, suficiente para permitir às crianças e jovens desenvolverem seus potenciais no esporte e em outras áreas, como artes e ciências. Este é um dos caminhos para termos uma nação melhor para todos.

Paulo Galvão

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