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Brasileiro de 2023 ainda não decolou
“Com todos os comandados à disposição, eles conseguem ter times competitivos, mas com as ausências por suspensão, contusão, desgaste físico e até afastamento por suspeita de envolvimento em esquema de apostas, fica difícil manter o nível”
O clássico em que o Atlético ganhou do Cruzeiro por 1 a 0, no último sábado, no Parque do Sabiá, reforça a minha impressão de que os times poderiam jogar mais que vêm jogando no Campeonato Brasileiro. Não só os rivais mineiros, mas todos os participantes parecem ainda estar “presos”.
Obviamente não vi ou conseguirei ver todas as partidas, mas nem mesmo o poderoso Palmeiras tem colocado em prática todo o repertório que já mostrou ter. O Flamengo nem se fala, pois vem tendo algumas atuações abaixo da crítica, principalmente pelo valor investido mensalmente no futebol. E o Galo, mesmo vencendo o clássico, vem oscilando na temporada, em parte em função das mudanças constantes promovidas pelo técnico Eduardo Coudet na escalação.
Se estivéssemos no início de temporada, acharia compreensível pela falta de ritmo de alguns atletas, encaixe do sistema tático em quem fez reformulação no elenco ou mudanças de comando. Não é o caso dos palmeirenses, por exemplo, cuja base vem sendo mantida desde o início da década.
Já os rubro-negros sofrem com as constantes trocas de comando. Depois da saída de Jorge Jesus, já são oito treinadores, sem contar os interinos. Não há como exigir muito dos atletas se a todo momento ele têm de se adaptar a uma nova filosofia de jogo.
No caso de Fluminense e Grêmio, Fernando Diniz e Renato Gaúcho têm trabalhos mais longevos, mas sofrem com a falta de grupos mais qualificados. Em ambos os casos, vejo 14 ou 15 jogadores na mesma condição, mas em um calendário tão apertado como o nosso, acaba sendo pouco.
O mesmo vale para o Botafogo de Luís Castro, o Cruzeiro de Pepa e o América de Vagner Mancini. Com todos os comandados à disposição, eles conseguem ter times competitivos, mas com as ausências por suspensão, contusão, desgaste físico e até afastamento por suspeita de envolvimento em esquema de apostas, fica difícil manter o nível.
A diferença é que botafoguenses e celestes começaram o Brasileiro surpreendendo com resultados positivos. Já os americanos, que vêm de inéditas boas campanhas na elite, decepcionam ao não conseguir sair da zona de rebaixamento desde que a competição começou.
Já temos 24% das rodadas da competição disputadas. Não espero mudanças radicais nos desempenhos antes do mês de julho, quando os clubes vão poder voltar a inscrever jogadores. Para sorte de quem ainda pode crescer de rendimento e, principalmente, de quem está mal, serão só mais três rodadas até lá, graças à paralisação para a disputa de compromissos das seleções nacionais, as chamadas “Datas Fifa”.
CBF inerte
Desde a saída de Tite, no fim do ano passado, a Seleção Brasileira está sem treinador, sendo comandada interinamente por Ramon Menezes. A CBF sonha alto, com Carlo Ancelotti, mas parece que vai ter de se contentar com algum nome menos badalado.
A falta de uma posição mais firme da diretoria da entidade acaba respingando no desempenho em campo. Ao menos é o que deixou transparecer a eliminação do Brasil nas quartas de final do Mundial Sub-20 para Israel, que tem pouquíssima tradição na modalidade.
Ramon teve de contornar a ausência de alguns craques que não foram liberados pelos clubes por estarem no meio da temporada. Mas contou com outros de muita qualidade, como o volante Andrey, do Vasco, e o atacante Marcos Leonardo, do Santos.
Pode não ter influenciado nada, mas o fato de ele ter de deixar a Argentina no meio da competição para vir ao Rio anunciar a convocação do time principal para amistosos não pode ser considerado normal. O treinador, que não tem nenhuma culpa, deveria estar concentrado na disputa, não em elaborar lista de outra equipe.