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Esportes

Os ciclos da bola

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A história é feita de ciclos e a do futebol é diferente. Se tivemos a Itália como o grande destino dos nossos jogadores nos anos 1980, o Japão nos anos 1990, a Rússia na década seguinte e a China até 2020, agora é a vez da Arábia Saudita abrir o cofre para ter alguns dos melhores jogadores do mundo, inclusive os brasileiros.

A compra de alguns dos mais tradicionais clubes europeus era o indício do apetite árabe para o esporte mais apaixonante do planeta. A Copa do Mundo de 2022, no Catar, veio em seguida para mostrar que eles não estavam brincando. E agora, com Cristiano Ronaldo, Benzema, Neymar, Mahrez, Mané e outros por clubes sauditas, isso está mais que comprovado.

Nada contra, mas não acredito que possa dar certo. Ainda que o fuso horário seja muito mais favorável para as transmissões para a Europa, o maior mercado consumidor da disputa inventada pelos ingleses, duvido que muita gente vá dar atenção aos jogos disputados no Oriente Médio. Como dizem os conservadores, tradição não se compra.

Por mais que iniciativas como a compra do Manchester City tenha se mostrado acertada, há inúmeros outros negócios que falharam. Um deles é o Paris Saint-Germain, gerido pela família real catariana e que não consegue ultrapassar as fronteiras francesas no que refere às conquistas internacionais.

Não por acaso, busca outra direção ao abrir mão de talentos como os já mencionados Messi e Neymar. O gasto não é proporcional ao retorno, ainda que os dois estejam entre os favoritos dos adolescentes, jovens e jovens adultos, que são os que mais consomem o “produto” futebol, segundo alguns estudos.

Penso que Cristiano Ronaldo acerta ao encerrar a carreira nos gramados sauditas, assim como Messi fez ao ir jogar uma liga fraca pelo norte-americano Inter Miami. Mas Neymar, aos 31 anos, tem muito mais lenha para queimar. Resta saber se ainda tem vontade de manter a chama acesa.

Não são poucos os craques que abriram mão da carreira bem cedo, seja por preguiça ou por não suportarem a pressão por bom desempenho. Ronaldinho Gaúcho, por exemplo, poderia ter sido bem maior que foi, ainda que tenha ganhado tudo que disputou.

Não posso falar pelos outros, jamais gostaria de ser julgado pelos que não sabem quem sou ou de onde vim. Mas a Arábia Saudita, segundo vários testemunhos, não é o melhor lugar para morar ou para jogar futebol.

Vamos ver até quando vai a farra árabe. Enquanto puderem, os envolvidos vão se aproveitar.

DESEMPENHO ABSURDO

Me perdoem a redundância, mas volto a falar do Botafogo. O desempenho do time da estrela solitária é absurdo nunca visto na história do Campeonato Brasileiro de pontos corridos, ou seja, desde 2003.

A equipe joga bem e ganha. Joga mal e empata, como foi contra o Cruzeiro. Joga mais ou menos e vira para cima do Internacional. Troca o treinador e não perde rendimento.

Sem craques, sem jogadores badalados, sem milionários. É um enigma a ser desvendado por todos os amantes do esporte.

Até o árabes deveriam estudar esse caso de sucesso. Economizariam milhares de petrodólares. Mesmo que dinheiro não seja problema para eles. Deram o primeiro passo ao contratar o professor luso Luis Castro.