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Incompetência entra em campo

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Foto: Breno Pataro/PBH

Nós, brasileiros, somos privilegiados. Vivemos em um país com muitas belezas naturais, sem desastres que atingem outros locais do mundo, como terremotos e nevascas, e temos temperatura agradável em quase todo o nosso território. Mas mesmo assim não conseguimos preparar nossos gramados para a prática do futebol, esporte mais popular do país.

Em quase todos os principais estádios, estamos com problemas no piso em função dos mais diferentes fatores. No caso de Belo Horizonte, o Mineirão tem um gramado historicamente problemático, o que se agravou com as constantes apresentações musicais no local.

Jogadores e treinadores têm reclamado do piso no Gigante da Pampulha. Torcedores também são prejudicados, pois os atletas, por mais que tentem, não conseguem colocar em prática toda a técnica que possuem. Alguns têm dificuldades até para ficar de pé, tamanha a instabilidade do terreno.

O Independência não abriga shows. Mas mesmo assim também tem uma grama que não se pode dizer que é perfeita. O mesmo vale para o Maracanã, nosso mais icônico templo do futebol.

Se compararmos com os estádios europeus, os nossos seriam considerados incompatíveis com a prática de futebol de alto nível. E boa parte do Velho Continente sofre com invernos rigorosos, nos quais a grama congela ou tem de ser protegida. Alguns chegam a ser transportados para fora das arenas, seja para receber a iluminação adequada, seja para não serem prejudicados com o público em cima deles.

Ao invés de buscarmos desenvolver uma grama adequada ao nosso clima e métodos para que ela fique sempre propícia ao bom futebol, muitos administradores têm preferido adotar uma medida extrema: usar gramados sintéticos. É assim na Arena da Baixada, em Curitiba, e no Allianz Parque, em São Paulo. Também na capital paulista, o Itaquerão usa um piso que mistura grama natural com a produzida em fábrica.

Outros esportes já utilizam há muito tempo os gramados sintéticos, como o futebol americano. Nesse caso, não há grande diferença, pois a bola, oval, não é feita para rolar com perfeição. Mas aqui, onde “se plantando tudo dá”, considero um atestado de incompetência abrir mão do piso natural. No mínimo a CBF deveria propor uma discussão com os clubes sobre o assunto, que é de interesse de todos.

Uma iniciativa interessante foi tomada pela Federação Mineira de Futebol (FMF), que no fim do ano passado anunciou ajuda para que os filiados do Módulo I melhorassem seus gramados. Que isso se espalhe pelo Brasil e ações concretas sejam executadas.

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